Tecnologia para monitoramento e compartilhamento de informações sobre as florestas tropicais e os direitos dos seus povos
Introdução
Esta cartilha é uma introdução ao uso da tecnologia para monitorar e compartilhar informações sobre problemas das florestas tropicais, direito à terra e direito dos indígenas.
Resultou de uma parceria entre a Fundação Rainforest da Noruega e The Engine Room.
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Foi criada para ser o ponto de partida para organizações e ativistas interessados no uso da tecnologia melhorarem seu trabalho de defesa e proteção, mas também pode ser útil para que organizações com alguma experiência no uso da tecnologia reflitam sobre como podem aumentar o impacto do seu trabalho.
A cartilha foi estruturada de forma que você não precisa ler tudo, mas pode explorar as seções que forem relevantes para você e usá-las para encontrar orientação mais detalhada.
Baixe a cartilha completa (1.6MB pdf), ou leia abaixo online.
Esta cartilha:
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Demonstra de que maneiras a tecnologia pode ajudar no seu trabalho,
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Destaca algumas das ferramentas que estão disponíveis,
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Fornece informações práticas para ajudar você a decidir o que precisa, e
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Fornece links para maiores detalhes sobre ferramentas e estratégias específicas.
O que queremos dizer com “tecnologia”?
A palavra “tecnologia” nesta cartilha não se refere a uma solução tecnológica (como mapas de satélite) ou a uma ferramenta (como telefones celulares) específica. Estamos incluindo uma ampla gama de ferramentas, métodos e técnicas: software de computador, dispositivos digitais como telefones celulares ou câmeras, análise de grande quantidade de dados, uso de ferramentas online para comunicar informações, e mais.
Como usar esta cartilha
Esta cartilha não é exaustiva – fornece as informações básicas que você precisa para começar, com uma seleção de bons lugares para ir se quiser aprender mais. Tem três partes principais:
Meta e estratégia: Aqui é onde a maior parte dos projetos falham. Um projeto bem-sucedido requer metas explícitas e uma estratégia sólida, desde o planejamento de como o projeto vai funcionar, até a gestão de informações quando o projeto está em andamento. A primeira seção desta cartilha define os princípios gerais e no que devemos pensar ao criarmos qualquer projeto que use tecnologia.
A segunda seção apresenta algumas ferramentas que podem ser úteis em projetos cujo foco seja as florestas tropicais, agrupados em seis tipos:
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Aplicativos para telefone celular que coletam e registram dados de campo
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Mapas produzidos junto com as comunidades (mapeamento participativo)
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Mapas online que combinam e sobrepõem em camadas diferentes tipos de dadose
A seção final lista uma série de guias e ferramentas com informações mais detalhadas que podem ajudar você a introduzir tecnologia nova no seu projeto.
Prefácio
Por Lars Løvold - Diretor, Rainforest Foundation Norway
Como novas tecnologias em evolução podem ser úteis na defesa e proteção das florestas tropicais e dos direitos dos povos das florestas? Esta pergunta aberta e abrangente é o ponto de partida desta cartilha. Em 1989, quando a Fundação Rainforest da Noruega foi fundada para promover a proteção das florestas tropicais com base em direitos, quase não havia telefonia móvel e Internet era coisa de ficção científica. Muita coisa mudou.
O custo da tecnologia avançada diminuiu, está mais disponível e fácil de usar, abrindo novas oportunidades de monitoramento das florestas tropicais e compartilhamento de informações. Toda semana surge uma nova ferramenta ou plataforma para nos ajudar a mapear recursos florestais, detectar desmatamento ilegal, abusos de direitos humanos ou localizar a origem de matérias-primas.
Entretanto, há coisas que não mudaram em nada. Os povos indígenas e suas organizações locais nos países das florestas tropicais ainda lutam para reclamar seus direitos costumeiros e proteger as florestas tropicais sob condições difíceis. Quase sempre a infraestrutura e os meios de comunicação são ruins, e a falta de treinamento e financiamento podem ser sérios obstáculos às vantagens das oportunidades que a tecnologia oferece.
Em geral, os grupos interessados na exploração não sustentável da floresta têm mais recursos para aproveitar novas tecnologias em desenvolvimento do que os grupos locais ou organizações da sociedade civil que trabalham para proteger a floresta. Mesmo assim, há muitos exemplos incríveis de como os ativistas locais empregaram novas tecnologias de forma engenhosa para tornar seu trabalho mais eficaz e eficiente. Infelizmente, há também um grande número de projetos fracassados onde dinheiro e trabalho árduo foram desperdiçados. Embora os objetivos e ferramentas variem muito, os projetos bem-sucedidos geralmente têm em comum um design sólido baseado em metas claras e em uma análise abrangente do problema em questão.
Vendo o quanto são importantes planejamento e design sólidos para o sucesso dos projetos de tecnologia, a Fundação Rainforest da Noruega em parceria com The Engine Room fizeram uma introdução básica ao uso da tecnologia na proteção dos direitos das florestas tropicais. No processo de mapear uma enorme quantidade de iniciativas existentes que poderiam ser úteis ao nosso trabalho e para os nossos parceiros, decidimos que uma introdução básica ao uso da tecnologia na proteção das florestas tropicais com base em direitos poderia ser útil para muitos.
Esta é a finalidade deste relatório: descrever as vantagens e desvantagens das diferentes ferramentas que podem ser utilizadas, usando exemplos concretos. Fornece também um guia passo a passo de desenvolvimento estratégico de projeto, sugerindo perguntas essenciais que precisam ser respondidas para assegurar que a tecnologia satisfaça as necessidades do projeto e não o contrário.
Embora o relatório possa ser lido de uma só vez, foi criado para que os leitores acessem facilmente as informações que mais lhe interessarem. São fornecidas sugestões de leitura complementar para os que quiserem explorar uma ferramenta específica ou saber mais detalhes.
O uso da tecnologia tem um grande potencial para fortalecer os direitos dos povos indígenas e a proteção das florestas, e tem sido inspirador ver como povos indígenas e ativistas locais já empregam a tecnologia de tantas formas criativas.
Esperamos que esta cartilha ajude àqueles que querem começar novos projetos, ou desenvolver os existentes, a usar a tecnologia de forma eficaz, e nos inspire a aprender mais com as experiências uns dos outros.
Tecnologia da informação e florestas
O que há de novo sobre tecnologia?
O compartilhamento de informações está mais fácil: O acesso à Internet e redes de telefonia móvel estão se espalhando por países e áreas antes isoladas. As organizações agora podem documentar e compartilhar informações sobre incidentes no momento em que ocorrem (em tempo real). A tecnologia também facilita colaboração com organizações de outros países (como a Rede Amazônica de Informação Socioambiental RAISG) ou de outros continentes (como a rede de parceiros da Fundação Rainforest da Noruega).
Estão sendo desenvolvidas ferramentas para a sua necessidade: Foram mostradas uma ampla gama de ferramentas, muitas criadas para uso em ambientes de florestas tropicais, para facilitar a campanha e monitorar informações.
Ficou mais simples encontrar e usar os dados que você quer: Dados sobre assuntos como uso da terra, cobertura florestal e recursos naturais usados, podem ser difíceis de encontrar, caros ou difíceis de usar. Agora isso está mudando. Combinados às informações coletadas pela sua organização (tais como limites da comunidade ou biodiversidade), resultam em um conjunto de dados rico e poderoso para serem usados em defesa de uma causa.
A tecnologia está mais barata e mais poderosa: Mais e mais organizações têm acesso a ferramentas como smartphones e software de visualização de dados que antes eram inacessíveis.
O que não é novo
A tecnologia ainda precisa de pessoas: Por mais sofisticada que seja a tecnologia, ela não pode substituir a necessidade de relacionamentos sólidos com as comunidades, com base na confiança e conhecimento do contexto local.
A introdução de qualquer ferramenta nova requer tempo, dinheiro e esforço: Nada atrasa mais um projeto do que se descobrir tarde demais de quais recursos um componente de tecnologia necessita. O pessoal do projeto e as comunidades locais precisam de tempo e apoio contínuo para utilizar todo o potencial das novas ferramentas ou fontes de informações. A tecnologia nunca faz milagre e raramente é uma solução rápida.
A tecnologia pode ajudar as organizações a proteger as florestas ou os meios de subsistência dos povos, mas também ajuda àqueles com objetivos opostos: Os governos que buscam ocultar dados ou empresas com atividades ilegais também se beneficiam dos avanços tecnológicos, e quase sempre têm a seu favor mais recursos financeiros e humanos.
Princípios de design de projetos envolvendo tecnologia
Defina objetivos claros para o projeto e use tecnologia somente quando for lhe ajudar a alcançá-los – não use tecnologia só por usar. (Para saber mais, veja abaixo a seção Planejamento.)
Não faça suposições - pergunte. Aprenda sobre como a sua organização e as pessoas com quem você trabalha se relacionam com tecnologia, e leve isso em consideração no design do seu projeto. Não presuma que você sabe como o seu pessoal responderá a um novo software de mapeamento, ou o que uma comunidade acharia útil. Pergunte a eles – e continue perguntando no decorrer do projeto.
Reconheça que você terá que comprometer recursos para usar tecnologia de forma eficaz. Você pode precisar investir em hardware no início, treinar pessoal para usar uma nova ferramenta, ou trazer gente especializada de fora. Você sem dúvida precisará dedicar fundos para manter e substituir tecnologia, assim como assistência especializada quando algo der errado.
Não gaste tempo e dinheiro em tecnologia nova, caso já exista uma boa solução. Pesquise com calma sobre o que funcionou em projetos semelhantes antes de escolher uma tecnologia, e colabore com organizações que tenham tido experiências semelhantes.
Pense nos potenciais impactos do seu projeto sobre as pessoas e o meio-ambiente: Aqui estão alguns princípios:
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Não cause danos: Redija uma lista de como o seu projeto poderia, involuntariamente, causar danos a pessoas ou ao meio-ambiente, ou ajudar outros que estejam causando danos. (Por exemplo, empresas poderiam se beneficiar ao saber a localização de uma determinada comunidade ou de um recurso valioso).
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Deixe que as pessoas decidam como os dados delas serão coletados e usados, principalmente ao trabalhar com comunidades marginalizadas. As comunidades em si devem ter a última palavra sobre o nível de risco e exposição a que querem se submeter. Se você estiver trabalhando em algum projeto com comunidades marginalizadas, tente se fazer as seguintes perguntas.
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Use os dados com responsabilidade: Pense sobre como os dados que você está coletando poderiam afetar pessoas ou meio-ambientes e como você vai gerenciar esses riscos (veja a seção Estratégia)
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Colete e apresente os dados de forma rigorosa e assuma a responsabilidade pelos dados que apresentar: dados podem ser usados para iludir. Esteja ciente de qualquer hipótese que possa afetar a forma como você coleta e analisa dados. Se encontrar falhas ou lacunas, seja honesto ao compartilhar ou publicar.
Esta seção define o guia Princípios Básicos de Transparência e Responsabilidade ‘Fundamentals’, que é uma excelente fonte de dicas.
Estratégia
Estabeleça os princípios básicos: Estratégia, visão e verificação da saúde organizacional
Defina a sua estratégia de longo prazo
Resolva a estratégia de longo prazo da sua instituição, envolvendo o pessoal e qualquer pessoa que tenha interesse no seu trabalho. Faça três perguntas: O que você quer mudar? Quem precisa mudar de comportamento para que isso aconteça? Como você poderia mudar o comportamento deles?
Então, defina como a tecnologia vai dar apoio a essa estratégia (sua visão da tecnologia)
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Identifique todas as atividades práticas da sua instituição (por exemplo: comunicação com as comunidades locais ou monitoramento de imagens de satélite).
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Coloque-as em ordem, com a mais importante no topo.
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Decida quais atividades poderiam ser melhoradas usando tecnologia. Escolha aquelas no topo da sua lista de atividades importantes, então decida quais são as etapas práticas que você precisa realizar para introduzir a tecnologia.
Estudo de caso: Como três instituições decidiram usar tecnologia para apoiar sua estratégia no Congo
No Congo (DRC), o governo criou uma área protegida e concedeu uma concessão de exploração de madeira no mesmo pedaço de terra pertencente às vilas de Mpole e Mpaha em Maï-Ndombe. A sobreposição criou conflitos entre os diferentes grupos envolvidos.
Como eles decidiram usar tecnologia?
- A estratégia de longo prazo da organização congolesa Rede de Recursos Naturais (Réseau Ressources Naturelles - RRN) assegura que os direitos costumeiros das comunidades locais sejam levados em conta.
- A _visão de tecnologia_ deles era usar mapeamento participativo para coletar informações locais da área geográfica, e combiná-las com mapas existentes para mostrar evidência de superposições e práticas inadequadas por parte do poder público ou empresas.
- A RRN realizou _etapas práticas_ incluindo treinamento de cartógrafos locais no uso de recebedores GPS, recrutamento de especialistas em mapeamento GIS e deu a eles um escritório, e trabalho junto à comunidade para validar os mapas.
Faça um check-up tecnológico na sua organização
Avalie o uso atual da tecnologia na sua organização - Vocês têm os equipamentos certos? É possível obter assistência técnica com facilidade quando você precisa? Solucione qualquer problema existente antes de começar qualquer projeto novo.
Crie seu projeto tecnológico
Defina suas metas
Estabeleça o que você espera que o seu projeto realize. Baseie suas metas nos três pontos acima: estratégia organizacional, sua visão da tecnologia e capacidade técnica.
Crie junto com seus usuários
Pense em quem deve estar envolvido na implementação do projeto (desde o pessoal da sua organização até as comunidades locais ou autoridades do setor florestal), e faça com que participem do planejamento. Senso de oportunidade é tudo: ao pedir contribuições, certifique-se de incorporá-las ao projeto. Consulte especialistas como tecnólogos e advogados antes de decidir sobre qualquer componente essencial.
Faça um plano do projeto
Antes de escolher qualquer ferramenta, decida sobre os recursos críticos de que vai precisar, e tenha certeza de que aquela ferramenta pode crescer junto com o seu programa. Pergunte a outras organizações se elas realizaram algum projeto semelhante. O que funcionou e o que não funcionou?
Pense sobre qual seria um prazo razoável para o seu projeto. Então, acrescente muito tempo extra para treinamento, resolução de problemas e atrasos na implementação. Comece a pensar logo sobre o fim do projeto - o que acontecerá com qualquer equipamento, e com os dados? Alguns projetos levam tempo para causar um impacto: planeje como você vai continuar após o prazo final do projeto.
Primeiro faça um projeto piloto
Um piloto permite que você teste em pequena escala, identificando logo o que está funcionando e o que não está. Escolha algo que você possa medir facilmente. (Por exemplo, para um sistema que monitora exploração ilegal, isso poderia ser o número de alertas recebidos em uma pequena área em uma semana.) Crie seu projeto de forma que os resultados do piloto possam influenciar no desenvolvimento do resto do projeto. Isso fará com que seu plano seja muito mais flexível se as circunstâncias mudarem.
Estudo de caso: O piloto de uma tecnologia nova pode trazer benefícios inesperados
Em 2013, a Rainforest Connection desenvolveu um projeto piloto em West Sumatra (Indonésia) para testar um aplicativo de monitoramento de exploração ilegal usando um telefone celular modificado.
Como isso ajudou?
- O piloto foi criado para avaliar se a tecnologia funcionava, mas foi melhor do que o esperado, coletou informações que permitiram que as autoridades locais capturassem exploradores ilegais duas semanas depois da instalação.
- As madeireiras retornaram desde então. Agora a Rainforest Connection está realizando uma segunda série de pilotos na África Equatorial.
Monitore a diferença que você faz
Antes de começar, avalie a situação. Isso vai lhe dar um ponto de partida para medir o que mudou ao longo do projeto, e demonstrar resultados para parcerias e captação de recursos.
Então, pense sobre o efeito potencial do seu projeto naquela situação, e como você pode medir qualquer mudança. Decida quando e com que frequência rastrear o progresso usando essas medições.
Caixa de dados responsáveis: Planejamento do uso de dados de forma responsável
Quase todo projeto envolve algum tratamento de dados, mesmo envio de e-mails ou uso de uma planilha. Se esses dados não forem manuseados com cuidado, podem colocar em risco a sua organização e as pessoas que trabalham com você. Vazamento de dados pode levar à violência, dados abertos podem beneficiar especuladores de terra, e hardware pode ser rastreado para atingir ativistas. Uma avaliação de risco é parte essencial de um projeto, e ajuda você a se preparar para o inesperado.
- Comece identificando um conjunto de eventos e agentes (pessoas ou organizações) que possam impedir o projeto de atingir suas metas.
- Anote as respostas destas perguntas: Qual a probabilidade de cada um desses eventos ocorrer? Qual seria seu impacto sobre o projeto?
- Priorize os eventos que são mais prováveis de acontecer e os mais sérios.
- Crie um conjunto de passos práticos: o que você pode fazer para que cada evento seja menos provável? Você pode limitar o dano caso ele ocorra? Qual o plano de back-up?
Preparando-se para o pior. Mesmo com o melhor planejamento, emergências acontecem. A resposta pode exigir recursos de defesa externos para fundos de emergência médica, suporte jurídico, mais fundos para segurança ou custos de substituição de ferramentas.
Calcule o que você precisa
Seja realista: não subestime os custos. Pergunte a outras organizações quanto gastaram em projetos semelhantes, e lembre-se que podem ocorrer despesas inesperadas.
Treinamento
Treinamento pode tomar uma proporção significativa do orçamento, certifique-se de que há fundos para as pessoas adquirirem as aptidões necessárias. Outras coisas para pensar a respeito:
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O seu pessoal tem as aptidões corretas, ou eles precisam de ajuda de fora?
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Não conte só com um ‘especialista’ com aptidões essenciais em uma área – e se ele for embora?
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O que o pessoal técnico precisa saber sobre as comunidades com as quais estão trabalhando (por exemplo, ao criar ferramentas técnicas?
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O pessoal precisa de treinamento de conscientização de segurança?
Custos de tecnologia
Sempre inclua desenvolvimento de usuário, teste, manutenção e assistência. Quanto vai custar para usar ou substituir a sua tecnologia em um ano? Em cinco anos? Se você estiver coletando informações confidenciais, o seu software passou por auditoria independente para verificação de falhas? Tudo isso custa dinheiro, mas se você não pensar sobre isso agora, pode se tornar uma surpresa desagradável mais tarde.
Obtenha os dados
Quaisquer informações que você coleta durante um projeto são ‘dados’. Retorne às metas do seu projeto e relacione todos os tipos de dados que possam estar disponíveis (de mapas até respostas de pesquisa, fotos e entrevistas). Selecione os dados que vão lhe ajudar a alcançar sua meta.
Onde encontrar os dados?
Se já existem dados bons, não perca tempo e dinheiro coletando novamente. Pense criativamente: os conjuntos de dados internacionais incluem o seu país? Outra organização já criou um banco de dados sobre o mesmo problema? (NOTE: Você encontra conjuntos de dados disponíveis publicamente na lista do repositório de dados do Open Access Directory, Portais de dados ou no site DataHub da Open Knowledge Foundation. Se você não puder acessar dados de mapa sobre um assunto, em vez disso poderia usar informações publicadas por uma empresa? Por exemplo, O Environmental Justice Atlas é um mapa global de conflitos ambientais , enquanto o projeto GDELT fornece dados grátis de relatórios de mídia de protestos e conflitos. Se os dados tiverem sido coletados, mas não estiverem publicamente disponíveis, verifique se as leis de Liberdade de Informação podem ajudar a fazer com que os governos os publiquem. O Data Journalism Handbook tem mais informações sobre como realizar solicitações de Liberdade de Informação: . No Brasil, você pode usar o website Queremos Saber para lhe ajudar a fazer solicitações.
Estudo de caso: compartilhando dados de fontes diferentes
O site de notícias da Indonésia [Ekuatorial](http://ekuatorial.com) cria mapas interativos apresentados com artigos sobre problemas ambientais redigidos por publicações parceiras. Os mapas combinam dados georeferenciados da Global Forest Watch sobre plantações de óleo de palma e concessões florestais; informações coletadas pelo Ministério de Administração Florestal da Indonésia, conjunto de dados internacionais como o Banco de Dados Mundial de Áreas Protegidas, e informações enviadas por voluntários do Humanitarian OpenStreetMap. Para fazer o mapa, a Ekuatorial contratou cartógrafos profissionais, que usaram CartoDB e MapBox para criar os mapas que então foram publicados diretamente em (veja a seção Online Mapping, abaixo).
Como isso ajudou?
A Ekuatorial permite que outras organizações republiquem seus mapas em seus próprios sites usando uma função ‘share this map’ (compartilhe este mapa) fácil de usar.Os dados brutos coletados são também úteis para outras organizações indonésias porque são regularmente atualizados, e disponíveis para download grátis
Determine critérios para os seus dados
Antes de começar, verifique novamente se os seus métodos vão gerar dados que possam realmente ser usados. Coletar o tipo incorreto de dados pode ser caro e demorado. Dados ‘qualitativos’ como textos de entrevistas com comunidades florestais podem ser poderosos na defesa da causa, mas dados ‘quantitativos’ contáveis são mais fáceis de serem analisados, mais manejáveis em grandes quantidades e mais simples ao serem comparados com outras fontes.
Crie categorias para os seus dados, vai ajudar você a organizá-los e analisá-los mais tarde. Pense bem antes de decidir as categorias de que precisa, e teste-as primeiro para garantir que todos os dados se encaixam nelas (você vai perder muito tempo se tiver que categorizar novamente).
Escolha o formato certo
Colete os dados em um formato que programas de computador possam ler e processar automaticamente. Evite formatos que possam ser lidos somente por software de uma empresa específica (como Microsoft), já que podem se tornar ilegíveis se a empresa parar de fabricar o software.
Considere registrar e publicar como Open Data, o que significa que podem ser livremente usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer um. Isso envolve duas coisas: escolher um formato adequado tem muitas informações úteis sobre isso, incluindo um conjunto de formatos de arquivos abertos que você pode usar para publicar dados de forma aberta.)) e licenciá-lo para que possa ser reutilizado. (O site Open Data Commons do Open Knowledge tem um guia de 2 minutos para licenças abertas.) Publicar assim traz muitos benefícios: mostra que a sua organização é transparente com relação aos dados que coleta; e outras organizações podem se beneficiar dos seus dados.
Entenda onde você pode comparar dados – e onde não pode
Combinar diferentes fontes de dados pode revelar informações inteiramente novas e apresentar mensagens poderosas para campanhas. Por exemplo, você pode combinar fotografia aérea coletada por fotografia de satélite faça você mesmo com dados de mapeamento participativo. Mas, examine atentamente essas fontes de dados. Elas podem ser comparadas? Ambas as fontes cobrem a mesma área geográfica, e a qualidade dos dados é consistente o bastante? Se os dados corretos não estiverem disponíveis, pense em mudar a forma como os coleta de forma que os resultados sejam mais adequados aos dados existentes.
Estudo de caso: Combinando diferentes tipos de informações
A Organización Regional AIDESEP Ucayali (ORAU) estabeleceu um sistema de monitoramento criado para documentar a existência de povos indígenas em isolamento voluntário (IPVI) e ameaças ao meio ambiente no Peru.
Como isso ajudou?
- Fotografias de evidências, dados de GPS e outras informações foram salvas e sistematizadas em um banco de dados digital.
- Juntamente com informações semelhantes de outras organizações de povos indígenas isso tornou impossível para o governo peruano continuar a negar a existência de IPVI.
- As autoridades agora estão mais colaborativas com ORAU ao abordar casos envolvendo IPVI e desenvolvendo políticas relacionadas a territórios IPVI, e foram destinados fundos para esse fim.
Às vezes a opção mais simples é a melhor
Só gaste dinheiro em tecnologia se tiver certeza que de que é absolutamente necessário. Por exemplo, se estiver coletando dados de um pequeno número de pessoas em uma área acessível, pode ser mais barato e mais fácil usar papel do que uma solução tecnológica específica.
Considerações práticas ao trabalhar com dados e florestas tropicais
Energia: O fornecimento instável de energia pode corromper dados: se possível, use uma fonte de energia ininterrupta (UPS) e protetores de cortes de energia ou discos rígidos externos à bateria. Algumas baterias de telefone celular duram muito mais que outras, teste exaustivamente antes de usar.
Conectividade: Analise atentamente antes de confiar em redes de comunicação. Se internet móvel não estiver disponível, escolha ferramentas que usem redes regulares de telefone celular (GPRS); se as redes de telefone não estiverem disponíveis, não as use. Sempre tenha um plano de back-up em caso de queda de rede.
Conexão de Internet: Seja realista sobre o que você pode conseguir com uma conexão de Internet lenta, o progresso será mais lento e os custos mais altos. Considere modificar os websites do projeto para rodarem com pouca largura de banda Aptivate tem um guia de criação de websites que funcionam melhor com conexão de Internet lenta; Engage Media dá consultoria em compactação de arquivos que funcionam melhor em áreas com pouca largura de banda ou escolha ferramentas que funcionem offline.
Não confie em uma empresa para armazenar seus dados online: Por exemplo, milhões de fotos hospedadas no serviço Twitpic corriam risco de eliminação em 2014 quando a empresa fechou, enquanto em 2011, milhares de vídeos hospedados no site sul-africano MyVideo foram perdidos já que o serviço não tinha back-ups e os servidores não tinham tido manutenção adequada.
Armazenamento de dados: Armazenamento físico como em DVDs e pen drives estão sujeitos a mofo e poeira: mantenha-os em sacos plásticos hermeticamente fechados, à prova d’água. Não confie em um único meio de armazenamento: faça back-up dos seus dados em diversos lugares.
Preparação
Para começar, crie uma metodologia (uma explicação de como você coletou e analisou os dados). Verifique com os especialistas se a sua metodologia é robusta, e apresente-a claramente sempre que publicar os resultados. Esteja pronto para explicar a sua metodologia ou use-a para defender a credibilidade do seu trabalho. Para exemplos, veja Open Development Cambodia (para uma metodologia simples) e Land Matrix (para uma mais detalhada). Veja também http://maaproject.org/about-maap/.
Estudo de caso: Sendo reconhecido pela qualidade da sua evidência
O Borneo Resources Institute (Brimas) treina comunidades em Sarawak (Malásia) para mapearem suas próprias comunidades usando GPS, traçar territórios indígenas, uso da terra e áreas com recursos naturais. O governo e as empresas do setor privado a princípio rejeitaram Brimas por não ter o conhecimento necessário. Entretanto, os tribunais reconheceram a qualidade das provas coletadas em casos de propriedade de terra de povos indígenas, o que melhorou a reputação de exatidão da Brimas. O Departamento Land and Survey da Malásia agora usa os mapas Brimas para validar seus produtos.
Caixa de dados responsáveis: Saiba quando não coletar dados
Para reduzir riscos, só colete a quantidade mínima de dados que você precisa para conduzir o seu projeto. Pense na sua avaliação de risco (veja seção Planejamento) e colete dados confidenciais de forma mais segura se necessário.
Consentimento informado
Ao coletar dados sobre um indivíduo, você guarda informações pessoais. A pessoa que está fornecendo os dados – não você ou sua organização – é que deve decidir como as informações devem ser usadas. Crie um processo para seguir sempre que coletar dados de pessoas incluindo os seguintes passos:
- Explique como os dados que você está coletando serão usados, publicados e armazenados.
- Discuta qualquer risco com a pessoa, e verifique se ela tem alguma preocupação.
- Se ela decidir que ainda quer participar, registre uma declaração concordando com isso (assinando um documento ou gravando uma declaração falada).
- Permite que as pessoas mudem de ideia mais tarde sobre como seus dados são mantidos ou usados.
Obtenha feedback
Não espere até o fim do projeto para descobrir se está funcionando bem: pergunte regularmente e ajuste as suas atividades de acordo. Você pode coletar essas informações usando métodos como pesquisas, encontros pessoais e outras medidas, como interações online. The engine room tem um guia prático de monitoramento e avaliação de projetos. O kit de ferramentas Feedback Labs tem mais recursos e ferramentas para ajudar você a coletar informações.
Gerencie os dados
Antes de começar a coletar informações, crie algumas categorias para ajudar na organização dos dados. Isso vai ajudar a identificar tendências e áreas faltantes. Você pode revisar as categorias mais tarde.
Controle a qualidade dos dados desde o início
Não espere até ter terminado de coletar os dados para verificá-los: verifique esses fatores antes de começar.
Faça com que os formatos sejam consistentes
Tenha um sistema, um formato e um conjunto de categorias claramente definidos para coletar informações. Isso vai economizar tempo na preparação para a análise mais tarde: por exemplo, registre datas sempre da mesma forma (em vez de algumas ‘12-março-2015’ e outras ‘12/03/15’). Certifique-se de que qualquer pessoa inserindo dados entenda o sistema.
Identifique onde é mais provável que os problemas ocorram
Pense sobre as pessoas usando tecnologia: onde elas cometerão erros? Quando você souber onde estão esses pontos, introduza uma segunda verificação nos dados ou inclua treinamento extra de pessoal. Ferramentas tecnológicas podem ajudar: por exemplo, você pode fazer com que alguns campos de uma pesquisa online aceitem uma resposta somente em um formato especificado por você.
Garanta que todos os dados passem pelo mesmo processo
Certifique-se de que todos os dados sejam coletados com os mesmos métodos e analisados no mesmo software, isso facilitará a comparação e análise.
Faça com que os dados sejam úteis
Aqui estão as principais coisas que você precisa pensar a respeito ao preparar e analisar dados: O curso ‘Data Fundamentals’ da School of Data tem mais informações sobre todas as seções abaixo.
Preparando seus dados
Você pode precisar limpar os dados (manualmente removendo quaisquer erros ou consertando erros no teclado) e convertê-los para outro formato. Esta fase é comumente chamada ‘preparação de dados’ (data wrangling) e pode levar muito tempo. Inclua no seu orçamento.
Estatísticas 101
Há muitas técnicas para encontrar sentido nos dados. Essas incluem métodos claros como aumentos percentuais e técnicas estatísticas mais complexas como correlação (“o aumento da exploração coincidiu com o aumento nas inundações”). Se o conjunto de dados for muito complexo, os membros da sua equipe podem precisar entender análise estatística para extrair informações significativas e sólidas. Se o seu projeto precisar de profissionais mais especializados, considere contratar um consultor ou pedir a uma ONG que forneça suporte de dados ‘pro bono’. or exemplo: School of Data, DataKind, DoingGood Fellows, Data Look.
Apresentando os dados com clareza
Comunicar o que os dados demonstram é uma das partes mais importantes de um projeto. Se você fizer direito, pode chamar a atenção do seu público e incentivá-los a atuar. Há muitas ferramentas grátis ou acessíveis que podem ajudá-lo a tornar os seus dados visuais, veja o projeto Tactical Technology’s Visualising Advocacy para exemplos com base nas suas necessidades.
Caixa de dados responsáveis: Cuide dos seus dados
Como você vai armazenar os dados dentro da sua organização?
Se estiver armazenando dados em rede na sua organização, eles serão mantidos em um servidor (um computador que fornece dados para outros computadores). Se você tem um servidor que é mantido fisicamente na sua localidade, veja quanto custa para alguém especializado cuidar dele. Se estiver pagando hospedagem de dados em um servidor externo, verifique se o servidor oferece todos os recursos de que precisa, e se tem boas medidas se segurança.
Criptografia de dados fisicamente armazenados
Dados podem ser armazenados fisicamente em discos rígidos no computador ou externos, e podem ser criptografados usando softwares como TrueCrypt ou FileVault. (Isso não substitui as medidas de segurança digitais fortes: se alguém tiver acesso à sua senha, criptografia não vai ajudar.)
Excluindo ou arquivando seus dados
É melhor manter os dados somente pelo período em que serão necessários. Os dados podem não estar em risco agora, mas é difícil prever o futuro. Para excluir mesmo os dados de um disco rígido, você precisa gravar por cima diversas vezes. Entretanto, se os dados tiverem valor histórico ou cultural, ou puderem ser úteis no futuro como evidência, pode ser que você queira preservá-los. Escolha um formato que provavelmente poderá ser utilizado no futuro e considere uma parceria com um arquivo que manterá os sistemas de arquivo para você.
Verifique as restrições legais
As questões jurídicas podem variar dependendo do seu país e do tipo de dados que você tem, mas podem incluir proteção de dados, questões de direitos autorais e mesmo proibições de tecnologia de criptografia. Se você achar que está violando a lei no meio do projeto, você pode ter que pagar uma multa ou mesmo parar de trabalhar. Examine isso com atenção, e procure aconselhamento jurídico se não tiver certeza. Veja o kit de ferramentas de Dados Responsáveis para mais informações.
Quem mais pode acessar os seus dados?
Se pessoas puderem ser identificadas nos dados coletados, seu pessoal, aliados ou comunidades locais podem sofrer ameaças. Diminua os riscos tomando estas três medidas: colete e carregue somente as informações que sejam realmente indispensáveis; remova nomes e informações que possam identificar pessoas sempre que possível; e evite usar qualquer serviço de tecnologia que esteja sob algum risco no seu país.
Use os dados
Agora que você coletou os dados, precisa uma estratégia de campanha cuidadosamente planejada para usá-los bem.
Planejamento da sua campanha
Mapeamento do campo
Liste todas as pessoas e organizações que estejam envolvidas em uma questão. Seja o mais específico possível: evite categorias amplas (como o público’ ou ‘autoridades governamentais’) e escolha subgrupos específicos (como jornalistas de negócios). Agrupe-os em três categorias:
- Aliados – pessoas ou organizações que já apoiam o que você faz. Você precisa fazer com que essas pessoas apoiem ativamente a sua campanha.
- Partes neutras - pessoas que não estão envolvidas atualmente. Você precisa educar essas pessoas para que se tornem seus aliados. Adversários - pessoas que se opõem à mudança que você quer ver. Você precisa rebater essas pessoas, seja fazendo-as mudarem de ideia ou limitando o impacto que elas podem causar.
Identificar aliados
Qualquer campanha de defesa precisa de uma rede de aliados. Planeje como vai atrair os grupos que listou acima, mantendo-os interessados e envolvidos. Pense criativamente sobre como vocês podem se ajudar: os seus dados seriam úteis para eles? Eles têm contatos que você precisa?
Estudo de caso: usando seus aliados
Em 2007, a organização chilena Movimento para Defesa do Meio Ambiente (MODEMA) produziu uma série de cartazes de Punta de Choros alertando os residentes sobre os riscos da construção de usinas termoelétricas. Os cartazes foram vistos por um grupo de cinegrafistas visitantes chilenos, que fizeram um documentário sobre a área e começaram uma campanha chamada Chao Pescao (‘Ciao Peixe’ em espanhol).
Como isso ajudou?
- Os grupos trabalharam juntos para aumentar seu impacto. Conforme a campanha cresceu, mais aliados se envolveram, com cobertura da mídia nacional por mais de dez dias.
- A campanha combinou táticas online e offline: o documentário foi exibido nas ruas da capital Santiago usando cinemas movidos a bicicletas, e as demonstrações dos cidadãos foram imediatamente carregadas e compartilhadas no YouTube, e entre os 10.000 membros do grupo Chao Pescao no Facebook. Em janeiro de 2010 o governo cancelou a construção de usinas termoelétricas, e novos candidatos à presidência foram pressionados a manter Punta de Choros limpa.
Escolher um público-alvo
Escolha um ou mais destes grupos cujo comportamento você quer mudar: eles são o seu público-alvo. Você quer que funcionários públicos mudem a política de direitos da terra, ou quer que uma empresa melhore as práticas de gestão de florestas? Evite focar em grupos muito grandes: o mais difícil será criar mensagens relevantes de campanha.
Estudo de caso: Escolhendo o seu alvo
A organização indonésia Aliansi Masyarakat Adat Nusantara (AMAN) recebeu informações através da sua plataforma de relatórios SMS que 30 pessoas foram detidas em North Sumatra (Indonésia) por estarem supostamente obstruindo as operações de uma empresa.
Como isso ajudou?
- AMAN usou as informações do alerta SMS para identificar quem tinha detido quem – e quem deveria ser o alvo da sua campanha de defesa.
- Eles então criaram uma equipe de especialistas em comunicação, mapeamento e jurídico que conseguiram fazer pressão para que as pessoas fossem libertadas.
Encontre uma maneira de alcançar aquele grupo
Comece com o que você já sabe: onde eles conseguem as informações? Em que estão interessados? Que mídia eles usam? Realisticamente, que tipo de mudança eles podem conseguir? Eduque-se: vá a reuniões públicas, procure na mídia social ou encontre pessoas diretamente.
Execução da campanha
Escolha as táticas certas para a situação
Use os seus dados e defina seu público-alvo para decidir que táticas deve usar:
Apresente dados de forma que seu público-alvo possa usar e entender
Descubra quais são as informações que seu público precisa. Se o seu público não entende os seus dados ou o que fazer com eles, não vão usar. Pode ser que você queira focar em um grupo de leitores de um determinado jornal, outras vezes você pode precisar de colaboração com documentos de políticas.
Pense nas palavras que você usa e na forma como as apresenta. Escolha as palavras com cuidado e pense em desenvolver materiais diferentes para diferentes grupos. Alguns grupos podem não saber os termos técnicos envolvidos nas negociações de direitos da terra, enquanto outros só levam você a sério se usar esses termos. Falar inglês pode lhe ajudar a alcançar um público internacional, mas pode limitar o alcance no seu país. Varie a forma como apresenta os dados de acordo com o público. Membros do público com tempo limitado só podem ler um resumo curto das suas descobertas, enquanto que os que fazem as políticas podem precisar de relatórios detalhados.
Estudo de caso: Usando vídeo para mobilizar apoio
Em 2009, a organização peruana AIDESEP gravou um vídeo testemunha ocular de violência policial contra um grupo de indígenas na região de Bagua e publicou no site de compartilhamento de vídeos YouTube.
Como isso ajudou?
- O vídeo foi amplamente distribuído online por bloggers, fornecendo evidência de um incidente que de outra forma teria sido ignorado por grande parcela do público.
- Marchas de solidariedade aconteceram em todo o mundo e uma comissão do governo foi fundada para investigar o incidente. Em 2013, a entidade peruana responsável pelos povos indígenas reconheceu oficialmente que os povos vivendo em isolamento voluntário eram residentes da região Napo-Tigre (embora uma campanha para fundar uma reserva indígena ainda esteja em curso).
Verifique se sua campanha está funcionando
Se você puder analisar diferentes partes da sua campanha enquanto estiver em curso, poderá descobrir onde concentrar os seus esforços.
O que monitorar
A lista de fontes potenciais para verificar como as pessoas estão respondendo é longa, mas monitorar tudo pode levar muito tempo: foque nas fontes mais importantes da sua campanha. Três coisas que você deve monitorar:
- Quem está falando sobre o problema: isso mudou durante a campanha?
- Seus dados ou mensagem de campanha: estão sendo mencionados em público? Onde e como?
- Seu público-alvo, adversários e aliados: eles reagiram à campanha, ou mudaram de alguma forma?
Faça com que o progresso seja mensurável
Crie metas para a sua campanha e monitore o progresso dessas metas. Boas metas são ‘smart’:
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eSpecífica - defina com precisão o que você está medindo (por exemplo, o número de artigos de jornal que usaram os seus dados em incursões em terras indígenas)
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Mensurável - escolha coisas que possam ser contadas, como o número de pessoas que assinaram uma petição em um mês.
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Atingível - não vise atingir 100% de um determinado grupo, a menos que seja realmente viável
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Relevante - escolha indicadores úteis: por exemplo, se o seu público não usa muito mídia social, não meça.
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Temporal - estabeleça um prazo até quando você espera ter atingido a sua meta.
Usando a tecnologia para monitorar sua campanha
Ferramentas tecnológicas podem melhorar campanhas de defesa de várias maneiras, desde o monitoramento de campanhas. Para sugestões sobre uso de tecnologia para monitorar atenção na mídia, engajamento de usuários ou implementação de projeto, veja este guia. Para gerenciar dados até a visualização de dados para apresentações de impacto. Visualising Advocacy dá muito mais exemplos de coisas que você pode fazer com os seus dados.
Caixa de dados responsáveis: Publicação de dados com responsabilidade
Se você usa um serviço online externo para visualizar ou apresentar seus dados, lembre-se dos riscos. Depois de carregar os seus dados, você nem sempre sabe se a empresa pode acessá-los ou se vai fornecê-los para outras pessoas, ou o que acontecerá se aquele serviço acabar.
Ferramentas
Combinando seus objetivos com as ferramentas
Os objetivos da sua instituição estão claros para você, mas não sabe bem como usar a tecnologia? Na tabela abaixo estão listados alguns objetivos comuns, com alguns tipos de ferramentas que podem ser úteis.
Tenha em mente que ferramentas tecnológicas só podem ajudar a alcançar esses objetivos quando fazem parte de uma estratégia de programa bem projetada. A seção Estratégia dá dicas para pensar em como assegurar que uma ferramenta atenda às suas prioridades, e a seção Ferramentas fornece mais informações sobre cada ferramenta.
Lembre-se que a melhor ferramenta para diferentes objetivos será diferente em cada situação. A tabela abaixo mostra alguns usos comuns, mas não é um guia.
Objetivo | Ferramentas que poderiam ajudar a alcançar aquele objetivo |
Iniciar ou apoiar o diálogo entre as comunidades e o poder público | Mapeamento participativo, vídeo e áudio |
Fornecer evidências ao poder público para incentivá-los a reconhecer terras indígenas. | Mapeamento participativo, mapeamento online, fotografia aérea faça você mesmo, Aplicativos móveis, Vídeo e áudio |
Coletar indícios de desflorestamento ou degradação florestal | Mapeamento por satélite, Mapeamento participativo, Aplicativos Móveis, Fotografia aérea faça você mesmo, Vídeo e Áudio |
Fornecer evidências de irregularidades que prejudiquem pessoas ou comunidades | Aplicativos móveis, Vídeo e áudio, |
Fornecer evidência de irregularidades de empresas no uso da terra | Mapeamento por satélite, Mapeamento online, mapeamento aéreo faça você mesmo, Vídeo e áudio, aplicativos móveis |
Registrar e monitorar o valor ambiental das áreas de terra | Mapeamento por satélite, Mapeamento online, Mapeamento participativo, aplicativos móveis, Mapeamento aéreo faça você mesmo, |
Apoiar as comunidades apresentando e fornecendo conhecimento | Mapeamento participativo, Áudio e vídeo, fotografia aérea faça você mesmo |
Outros recursos
Esta lista de recursos inclui muitos mencionados na Cartilha, com alguns recursos adicionais. Não é abrangente, mas visa destacar alguns dos recursos mais úteis para organizações de florestas tropicais usando tecnologia em seu trabalho.
Obtendo dados
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O site DataHub da Open Knowledge Foundation fornece dados abertamente disponíveis sobre diversas questões.
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Data Portals é uma lista abrangente de sites de governos apresentando dados abertos.
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Lista de conjunto de dados sobre questões específicas do Open Access Directory, incluindo sobre questões ambientais.
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O Environmental Justice Atlas é um mapa global de conflitos ambientais.
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Conselhos no Data Journalism Handbook sobre solicitações de Liberdade de Informações.
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Supply Change monitora compromissos e desempenho das empresas com NGO scorecards.
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O kit de ferramentas Feedback Labs tem uma ampla gama de recursos e ferramentas para ajudá-lo a coletar informações das pessoas com quem trabalha.
Gerenciamento de dados
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Security in-a-Box é um guia de segurança digital para ativistas e defensores de direitos humanos em todo o mundo produzido pela Frontline Defeners e Tactical Technology Collective.
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O Responsible Data Forum fornece recursos e guias para ajudar as organizações com o uso de dados enquanto abordam questões de privacidade e autorização.
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O Kit Digital First Aid da Digital Defenders oferece um conjunto de ferramentas de auto diagnóstico para organizações ou ativistas enfrentando ataques.
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O Guia Secure My Video da EngageMedia fornece aos vídeo-ativistas as ferramentas que tornam seu trabalho seguro e protegido. Tem foco na Indonésia, mas é relevante também em outros contextos.
Assistência na coleta e uso de dados
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Os cursos da School of Data incluem introduções a dados e informações específicas sobre tópicos como raspagem.
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DataKind cria equipes de cientistas de dados pro bono que trabalham juntos com organizações sem fins lucrativos para ajudá-los a solucionar problemas envolvendo dados.
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DoingGood Fellows conecta profissionais com habilidades tecnológicas e projetos sem fins lucrativos.
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Data Look é uma comunidade online para pessoas que usam dados para abordar problemas sociais.
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Open Knowledge’s Open Data Commons tem um guia de 2 minutos para licenças abertas.
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O Open Data Handbook lista formatos open file que você pode usar para publicar dados de uma forma aberta.
Ajuda com escolha da tecnologia
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Aspiration criou um modelo para produzir solicitações de propostas para assistência tecnológica.
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Aptivate tem um guia de criação de websites que funcionam melhor com conexões de Internet lentas.
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Engage Media dá consultoria em compactação de arquivos que funcionam melhor em áreas com pouca largura de banda.
Visualização
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Earth Journalism Network fornece treinamento e recursos para ajudar jornalistas em países desenvolvidos a cobrir o meio-ambiente de forma mais eficaz, incluindo por meio de visualizações.
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Environmental News Lab hospeda ferramentas e tutoriais sobre denúncia de questões ambientais no Brasil e em toda a região amazônica.
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Tactical Technology Collective’s Visualising Information for Advocacy tem exemplos e conselhos sobre uso de dados e visualizações em campanhas.
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Geojournalism fornece recursos e treinamento online para jornalistas, designers e desenvolvedores para visualizar dados geográficos.
Aplicativos para celular
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O relatório Mobiles in Development do The engine room dá uma visão geral de uso de dispositivos móveis em desenvolvimento, incluindo mais informações sobre como funciona a coleta de dados móveis.
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NetHope e Humanitarian Nomad oferece conjuntos de perguntas para ajudá-lo a escolher uma ferramenta móvel.
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Kopernik dá informações para organizações pequenas sobre ferramentas de coleta de dados móveis, plataformas de mapeamento e sensores, com informações para ajudar você a compará-las.
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TechChange oferece um curso online grátis sobre aplicativos de coleta de dados móveis.
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Oportunidades e orientação do The World Bank sobre aplicativos móveis de relatórios para setores florestais e agrícolas inclui orientação na comparação de recursos de aplicativos móveis e planejamento de custos em curto e longo prazo.
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O Guia do usuário Integridade de dados da FrontlineSMS dá uma estrutura para entender o nível de risco envolvido em qualquer atividade SMS.
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Forest Compass coleta recursos para monitoramento florestal feito pela comunidade.
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OpenForis é um conjunto de aplicativos móveis e ferramentas de software que podem ajudar você a coletar e analisar dados.
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TechSoup aconselha na escolha de dispositivo móvel que supra as suas necessidades.
Mapeamento com satélite
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Global Forest Watch é um sistema de alerta de monitoramento de floresta interativo online que fornece informações de satélite e outros tipos de informações.
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CLASlite foi criado para fornecer mapeamento e monitoramento de florestas com imagens de satélite de alta resolução atualizado semanalmente. (inglês e espanhol)
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O Projeto de Tecnologias Geoespaciais AAAS contém estudos de caso detalhados de imagens de satélite coletadas, categorizadas e analisadas para documentar abusos de direitos humanos.
Vídeo e áudio
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O Projeto do Guardian Informacam é um plugin que funciona com o aplicativo Android Obscuracam, e pode ajudar a coletar evidências em vídeo e fotos de forma segura que pode ser verificada.
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O aplicativo StoryMaker para telefones Android ajuda você a criar histórias multimídia no seu dispositivo Android.
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WITNESS e Video4Change têm livrarias de recursos úteis sobre como usar vídeo no seu trabalho.
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Small World News oferece guias de vídeo e áudio.
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Audacity oferece capacidades de edição grátis, enquanto a versão Lightworks Free pode realizar muitas tarefas simples de edição de vídeo.
Fotografia aérea faça você mesmo
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O site Conservation Drones inclui um guia para construir e voar drones, assim como exemplos de como eles têm sido usados no trabalho de conservação.
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DIY Drones tem um guia de introdução aos UAVs.
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Public Laboratory fornece guias e assistência com a construção de pipas, balões e sensores para mapeamento.
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A Humanitarian UAV network (UAViators) tem uma série de informações úteis e uma pesquisa de leis que afetam voos de drones em países ao redor do mundo.
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Guia de mapeamento com balão da Geojournalism.
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Solutions Center da NetHope tem webinars e recursos para o uso de drones.
Português
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WITNESS tem uma biblioteca de recursos sobre uso de vídeo de forma segura e eficaz.
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Environmental News Lab hospeda ferramentas e tutoriais sobre denúncia de questões ambientais no Brasil e em toda a região amazônica.
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Geojournalism.org fornece recursos e treinamento online para jornalistas, designers e desenvolvedores para visualizar dados geográficos.
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The Open Data Handbook tem guias para achar e usar open data.
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Security in-a-Box é um guia de segurança digital para ativistas e defensores de direitos humanos de Frontline Defeners e Tactical Technology Collective.
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Imazon fornece mensalmente mapas do desflorestamento na região amazônica.
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Datahub é uma plataforma de gerenciamento de dados que permite que você pesquise dados, conjuntos de dados de registro publicados, crie e gerencie grupos de conjuntos de dados.
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Global Forest Watch é um sistema de monitoramento e alerta que coleta dados sobre as paisagens das florestas tropicais em todo o mundo.
Espanhol
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RAISG (Amazonian Network of Georeferenced Socio-Environmental Information) coletou informações sobre áreas protegidas, terras indígenas, bacias hidrográficas, e exploração ilegal de madeira.
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Security in-a-Box é um guia de segurança digital para ativistas e defensores de direitos humanos em todo o mundo produzido pela Frontline Defeners e Tactical Technology Collective.
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The Monitoring Project of the Andean Amazon (MAAP) coleta dados e mapas para monitoramento Amazônia Andina.
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Frontline Defenders fornece treinamento e recursos para defensores de direitos humanos.
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The Open Data Handbook tem guias para achar e usar open data.
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WITNESS tem uma biblioteca de recursos sobre uso de vídeo de forma segura e eficaz.
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Video4Change coleta guias, manuais e outros recursos úteis para vídeo ativistas.
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Global Forest Watch é um sistema de monitoramento e alerta que coleta dados sobre as paisagens das florestas tropicais em todo o mundo.
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CLASlite foi criado para fornecer mapeamento e monitoramento de florestas com imagens de satélite de alta resolução atualizado semanalmente.
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Datahub é uma plataforma de gerenciamento de dados que permite que você pesquise dados, conjuntos de dados de registro publicados, crie e gerencie grupos de conjuntos de dados, e obtenha atualizações de conjuntos de dados e grupos de seu interesse.
Sobre
Este site foi criado pela Fundação Rainforest da Noruega e The Engine Room como uma introdução ao uso da tecnologia para monitoramento e compartilhamento de informações sobre questões das florestas tropicais, direito à terra e direitos dos indígenas. Baixe a cartilha completa aqui. Publicado pela primeira vez em julho de 2016. Última atualização em julho de 2016.
Comentários ou perguntas? Entre em contato post@theengineroom.org ou rainforest@rainforest.no.
A Fundação Rainforest da Noruega (RFN) é uma das organizações líderes mundiais de proteção das florestas tropicais com base em direitos. Sua missão é apoiar as iniciativas dos povos indígenas e populações tradicionais das florestas tropicais do mundo de proteção ao seu meio ambiente e garantia de seus direitos, auxiliando-os a:
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Garantir e controlar os recursos naturais necessários para seu bem-estar em longo prazo e a gerenciar esses recursos de formas que não prejudiquem o meio ambiente, violem sua cultura ou comprometam seu futuro.
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E desenvolver meios para proteger seus direitos individuais e coletivos, e obter, modelar e controlar serviços básicos do Estado.
A RFN colabora de perto com mais de 70 organizações ambientais, de direitos humanos e indígenas, locais e nacionais, em 11 países na região Amazônica, África Central, Sudeste da Ásia, e Oceania.
Contribuidores
The Engine Room é uma organização internacional que ajuda ativistas, instituições que promovem mudança social e agentes de mudança a tirar o máximo proveito de dados e tecnologia para aumentar seu impacto. The Engine Room fornece apoio direto a projetos de organizações de mudança social; reúne comunidades para sincronizar as ideias emergentes e conseguir profissionais; além de documentar e publicar descobertas para ajudar qualquer pessoa do setor a tomar melhores decisões sobre o uso de dados e tecnologia.
Tom Walker e Tin Geber pesquisaram e redigiram a história principal, e Ruth Miller liderou o trabalho de design e criação visual. Foram inestimáveis a contribuição e o apoio à edição de Vemund Olsen e Christopher Wilson. O código-fonte do site está disponível em Github.